segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Legado do Wesleyanismo

   

     John Wesley foi altamente influenciado pelos morávios, místicos anglo-católicos, pais da Igreja e pela teologia dos reformadores. No dia 24 de maio de 1738, aos 24 anos de idade, ao ler o prefácio do comentário de Lutero da epístola de Paulo aos romanos, John Wesley converteu-se ao Evangelho. Seu irmão, Charles Wesley, havia se convertido um pouco tempo antes. Muitos acham que eles já eram convertidos antes, pois sempre eram zelosos e temiam a Deus. Outros creem, de fato, que eles se converteram no período indicado.

     Fato inegável é que os Wesley influenciaram diversas pessoas, movimentos e igrejas até os dias hodiernos. A começar pelas próprias igrejas metodistas, igrejas diretas do movimento metodista que os irmãos Wesley fundaram. Também a igreja do Nazareno, Exército de Salvação e Holiness são oriundas dos ensinamentos de Wesley. O movimento de Keswick é oriundo de avivalistas holiness e metodistas. Outro grupo oriundo dos movimentos wesleyanos, que enfatizavam a doutrina da perfeição cristã e a inteira santificação, é o pentecostalismo. Os pentecostias acrescentaram o batismo no Espírito Santo aos ensinamentos wesleyanos. Andrew Murray e A. B. Simpson são exemplos de ministros reformados que tornaram-se wesleyanos devido a crerem na inteira santificação e perfeição cristã. Fora incontáveis avivamentos no Reino Unido, Estados Unidos, América latina, África, Ásia e Oceania promovidos por wesleyanos.

     É mais do que necessário todos os wesleyanos, sejam de que igrejas forem, conhecerem suas origens. É mister isso, pois é um linda história. Um vida com o Senhor e uma vida de serviço a Deus e ao próximo são marcas dos wesleyanos. A ênfase tanto no aspecto espiritual quanto no aspecto social é evidente no wesleyanismo. Só para citar um exemplo, a abolição da escravatura foi devido à influência de John Wesley junto a William Wilberforce, que trabalhou incansavelmente até que a escravidão fosse abolida no Reino Unido e depois no mundo!

     Graça e Paz!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Resumo da Teologia Wesleyana

   


O texto abaixo, do teólogo wesleyano Theodore Runyon, elucida sucintamente a doutrina wesleyana da Perfeição Cristã e também aborda a justificação e a santidade na doutrina wesleyana. Confiram!

________________________________

A maior força da doutrina wesleyana da perfeição talvez esteja em sua habilidade de mobilizar os crentes a buscarem um futuro mais perfeito que supere o presente. Ela não está cega as às forças negativas, no entanto não as considera conseqüências inevitáveis do pecado original, mas exatamente aquilo que pode ser vencido.

Wesley ensina que Deus não apenas justifica, mas que o objetivo de Deus é nos criar novamente, transformar-nos, restaurar-nos a saúde e o nosso papel como imagem Sua. 
Esta teologia busca o poder criativo e transformador na vida neste mundo. Busca transformação no aqui-e-agora (Hb 6.1)

O alvo é que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13). É assim que a criatura deve glorificar o criador.

A Salvação não é apenas a reconciliação com Deus, mas a restauração segundo a imagem de Deus.
Nossa Grande Salvação envolve o processo transformador que visa tanto a superação do pecado como uma vida cheia de amor.

Três fatores indispensáveis na Regeneração: 
a) Graça, que é a iniciativa divina de renovar a criatura e o mundo
b) , a resposta humana à capacitação que reconstitui a imagem relacional
c) Sinergia, a imagem renovada agindo em consonância com o Criador para partilhar seu poder renovador com o mundo.

A salvação não é uma bênção que se encontre apenas do outro lado da morte. As Escrituras colocam no presente: “Sois salvos” (Ef 2.8) Não é uma coisa remota, é algo presente, que tem início neste mundo. Trata-se de toda obra de Deus, desde o primeiro toque da graça até a consumação na glória.

O objetivo de Deus não é meramente nos revestir de uma justiça que permanece exterior a nós mesmos, mas conceder e implantar a justiça de Cristo em nós de tal modo que ela cresça e se expanda.
A justiça do cristão não é de sua própria feitura, não é inerente, mas produto do Espírito de Cristo. 
A nova criatura não pode permanecer a mesma!

A humanidade feita à imagem de Deus, como criatura chamada a recebê‑lo, a interagir com ele e a refleti‑lo no mundo, agora pode viver esse chamado por meio da nova relação com Deus, possibilitada por Jesus Cristo e capacitada e levada adiante pelo Espírito transformador.

O que diferencia a teologia de Wesley é sua capacidade de manter unidos, numa associação funcional, dois fatores absolutamente importantes na vida cristã que, muitas vezes, têm estado desassociados: a renovação desta relação (justificação) e a vivência dela (santificação), nenhuma das quais é possível sem a outra. 

A aceitação por parte de Deus possibilita uma vida de fé e confiança. O que Wesley acrescentou a essa mensagem foi a boa‑nova de que essa aceitação divina é vivenciável, de que a "graça é perceptível”. 

A imagem renovada, é testemunho na sociedade, um reflexo para os outros da própria bondade de Deus, e portanto pode realizar os propósitos, aos quais ele a chama, somente num contexto social. 

Vossa própria natureza é dar sabor a tudo quanto vos rodeia. É da natureza do divino sabor que existe em vós expandir-se em tudo quanto tocardes, difundir-se por todos os lados, atingindo a todos aqueles em cujo meio estiverdes. 

Esta é a grande razão pela qual a Providência de Deus vos misturou com os outros homens, de modo que as graças, quaisquer que sejam, que de Deus houverdes recebido, possam ser comunicadas através de vós ao demais homens.

Wesley entende que o amor é o supremo alvo do processo de santificação. Quando os céus e a terra tiverem passado, ele permanecerá ainda. Porque só “o amor jamais acaba”.

Gálatas 5.6: “A fé que atua pelo amor” é o comprimento, a largura, a profundidade e a altura da perfeição cristã”. E ele nunca se cansava de lembrar a seus leitores que a perfeição, do modo como a compreendia, não é nada mais nada menos que “amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos”. 

Amar a Deus envolve “entregar a Ele todo o nosso coração... devotar não uma parte, mas toda a nossa alma, corpo e substância a Deus”. Amar ao próximo envolve ter aquele “mente que houve em Cristo, capacitando-nos a andar como Cristo andou”, partilhando seu espírito na autodoação e no serviço aos outros. Mais uma vez, ele resume “o todo da perfeição bíblica” como “puro amor enchendo o coração e governando todas as palavras e ações”. (Wesley)

Tem sua base na perfeição daquilo que recebemos. O amor de Deus é perfeito. Não há amor mais supremo, mais completo, mais santo e mais doador do que aquele que recebemos do divino Doador. Este amor pe pura graça, e Deus o partilha com aqueles que são chamados a serem a sua imagem. Nós recebemos e participamos deste amor perfeito.

No entanto, como imagem de Deus somos chamados não apenas a receber, mas a refletir esse amor perfeito ao mundo. Compartilhá-lo com nossos semelhantes – e compartilhá-lo perfeitamente, isto é, de forma tal que ele possa ser recebido e apropriado pelos outros como um amor cuja origem é Deus.
Isto significa que a perfeição não é tanto para a pessoa, mas para o cumprimento da vocação à qual somos chamados.

Nossa santificação está associada e voltada à santificação do mundo, e como tal é um projeto sempre sinalizador e nunca acabado, muito embora o amor que redirecionamos seja completo, já que sua origem é divina. 

... Este amor deve ser estendido aos nossos inimigos e até mesmos aqueles que julgamos ser inimigos de Deus. Aos inimigos de Deus? mas por que? Porque Deus os ama e seu coração anseia por vencer o seu afastamento. Por isso, para aqueles que são canais do amor de Deus, não há como distanciar dos pecadores porque são exatamente eles que o amor divino está buscando...

... O amor não pode ser apropriado como uma idéia abstrata; ele deve ser encontrado, é preciso haver participação nele...

... Wesley entendia a perfeição em termos do amor, e o amor não pode ser encontrado sem transformar a pessoa que o recebe. Enquanto a justiça pode ser legalmente “imputada” sem ser “concedida”, o amor só pode ser recebido se for concedido e se houver participação nele. Portanto, o amor de Deus transforma inevitavelmente a pessoa que o recebe. Nós nos tornamos “co-participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4)... Tal participação os capacita a cumprir o chamado de refletir o amor de Deus no mundo.

A perfeição do amor de Deus é o ponto de partida mais viável para a reinterpretação da doutrina da perfeição hoje. Isso previne contra a preocupação com o eu e com a perfeita impecabilidade que prejudicou algumas interpretações do passado e está mais de acordo com o próprio desejo de Wesley de evitar o termo “perfeição impecável”. E ela nos abre à participação na única fonte genuína de santificação: o amor e a graça do nosso Criador-Redentor. 

A “renovação da imagem de Deus” foi, para Wesley, o modo preferido de caracterizar a santificação e serve para descrever tanto a dimensão individual quanto social da salvação. A humanidade renovada à imagem de Deus não apenas se torna uma nova criação, mas é chamada a manifestar ao mundo aquele amor perfeito e assim proclamar e mediar o amor divino e seu poder criador. 

A renovação da imagem também torna manifesta a relação entre a justificação, com a obra de Cristo por nós, e a santificação, como a obra do Espírito em nós. Ambas sustentam e possibilitam essa renovação, e a “grande salvação” torna-se genuinamente trinitária. 

A renovação da imagem também nos ajuda a explicar como a santificação é um processo que começa com o novo nascimento da regeneração, mas continua em direção à plenitude da perfeição, com possibilidades cada vez maiores de refletir a perfeição do amor divino, expulsando o pecado e renovando a criatura e o mundo.

(Extaído do livro de Theodore Runyon – “A Nova criação – A teologia de João Wesley hoje” – Editeo) 

fonte: http://www.metodistalivre.org.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=174&sg=0&form_search=&pg=1&id=604

sábado, 5 de julho de 2014

John Wesley: O Projeto Original dos Metodistas



    Depois que eu conheci a sociedade, e expliquei-lhes em geral o projeto original dos metodistas, a saber, a não ser um partido diferente, mas para agitar todas as partes, cristãos ou ateus, para adorar a Deus em espírito e em verdade, mas a Igreja da Inglaterra [Igreja Anglicana], em particular, a que pertenciam, desde o início. Com essa visão, tenho uniformemente feito há 50 anos, nunca me divergindo da doutrina da Igreja em tudo; nem de sua disciplina, de escolha, mas de necessidade: Então, em um curso de anos, a necessidade foi colocada sobre mim, (como já provei em outros lugares,) 

1. Para pregar ao ar livre. 
2. Orar de improviso. 
3. Para formar sociedades. 
4 Para aceitar a assistência de pregadores leigos.: 

    E, em alguns outros casos, utilizar-se de tais meios como ocorreram, para evitar ou remover os males que nós sentimos ou tememos. 
- Diário [de John Wesley]: 12 de abril de 1789.

Fonte:http://craigladams.com/blog/john-wesley-the-original-design-of-the-methodists/

* É importante saber que nesse tempo os metodistas não eram uma denominação, mas sim um movimento dentro da Igreja Anglicana, onde eram aceitos outras pessoas de outras denominações, contudo, o foco era os anglicanos. 

terça-feira, 1 de julho de 2014

A Bíblia e John Wesley




O estudioso wesleyano Randy Maddox escreveu um excelente artigo sobre a forma como John Wesley estudava, interpretava e pregava a partir da Bíblia. É intitulado: "A Regra da Fé, Prática, e Esperança Cristã: John Wesley sobre a Bíblia (1)". Este artigo é bom e vale a pena ler.

Aqui está um rápido resumo:

  • Wesley nunca pregava baseando-se nos apócrifos [livros chamados de deuterocanônicos para os católicos romanos], apesar de ter sido incluída na KJV [Versão King James] durante seu tempo. 
  • Os irmãos Wesley (John e Charles) utilizaram uma série de traduções incluindo: a Bíblia de Genebra, a Bíblia alemã de Lutero e outros. 
  • Os irmãos Wesley estudaram os textos grego e hebraico, consideraram as línguas primárias mais autoritárias do que a KJV. 
  • Wesley firmemente considerou que a Escritura foi inspirada, no entanto, ele acreditava que não era sempre exata sobre "assuntos tangenciais" (genealogias, por exemplo). Wesley argumentou que a Bíblia era "infalivelmente verdadeira". A palavra "inerrância" não estava em uso no seu tempo. 
  • Wesley acreditava que a inspiração do Espírito Santo foi fundamental para a compreensão da Bíblia. "Precisamos do mesmo Espírito para compreender a Escritura, que permitiu que os santos homens do passado escrevessem-na." 
  • Wesley pregou quase todo o cânon bíblico, incluindo extensa pregação do Antigo Testamento. Há registros (2) que mostram que ele pregava a partir de todos os livros, exceto: Ester, Cântico dos Cânticos, Obadias, Naum, Sofonias, Filemom e 3 João. 
  • Wesley lia a Bíblia em associação com os outros. "Se alguma dúvida ainda permanece (compreensão de uma passagem difícil), eu consulto aqueles que são experientes nas coisas de Deu e, em seguida, os escritos dos que estão mortos, porque eles ainda falam." 
  • Wesley valorizava os escritos dos antigos escritores cristãos, particularmente aqueles dos três primeiros séculos da Igreja. 
  • Wesley lia a Bíblia em associação com a "regra de fé". Ele abraçou fortemente o Credo Apostólico. O que a igreja histórica tinha falado sobre determinadas matérias (como a Trindade) foi importante no seu pensamento. 
  • Wesley focava no valor e na natureza da criação. Ele acreditava que Deus queria redimir toda a criação. 
  • Wesley estava convencido de que o amor de Deus por toda a humanidade era o ensinamento central da escritura. Ele descreveu 1 João 4:19 como "a soma de todo o Evangelho". Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. Ele chamou 1 João de "o compêndio de todas as Sagradas Escrituras". Ele também frequentemente referia Salmo 145:9. O Senhor ama a todos, e Sua misericórdia está sobre todas as Suas obras. 
  • Passagens favoritas de Wesley (como evidenciado pela frequência que ele pregava a partir delas) eram o livro de I João, o livro de Romanos, 1 Coríntios 13, e Mateus 5-7 (O Sermão da Montanha). 
  • Wesley lia a Bíblia porque era o guia para a fé cristã, o guia para o comportamento cristão e esperança e sustento para o crente.
_________________________________________________

(1) Randy Maddox,  The Rule of Christian Faith, Practice, and Hope: John Wesley on the Bible, Methodist Review, Volume 3, 2011 (Free registration required).

(2) O Centro de Estudos da Tradição Wesleyana compilou um registro de todas as passagens da Escritura que John Wesley pregou a partir do que temos registro . Para as fontes eles usaram revistas de Wesley, obras e cartas.

FONTE: http://wesleyanarminian.wordpress.com/2011/04/14/the-bible-and-john-wesle/